Ficha Técnica
Batman: Cavaleiro Branco n° 1
Autor: Sean Murphy (arte e roteiro) e Matthew Matt Hollingsworth (cores)
Preço: R$ 7,50
Editora: Ed. Panini / DC Comics
Publicação: Agosto/2018
Número de páginas: 28
Formato: Americano (17 x 26 cm.) Colorido / Lombada com grampos
Gênero: Super-herói
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Sinopse: Gotham City finalmente conhece o seu maior vilão… o Batman. E isto só é possível quando Jack Napier, mais conhecido como Coringa, decide mostrar a cidade como o cavaleiro das trevas representa e perpétua todos os males que acometem a cidade.
Entrada
A relação entre o Batman e seu arqui-rival o Coringa é uma das relações mais icônicas e controversas dentro do universo dos quadrinhos. Explorada e destrinchada nas mais diversas mídias, já vimos os dois em diferentes momentos e situações, mas sempre tendo como papel de fundo a ideia de que ambos estão e sempre estarão interligados, como eternos amantes em uma sombria valsa.
Mas em como muitos relacionamentos, às vezes a pessoa com quem você está já não é mais a mesma. Ela te desaponta de forma tão profunda, que se onde havia amor, o que surge agora é perplexidade e indiferença. E o que fazer quando isso acontece? Seguir em frente. E é isso que o Coringa faz.
Com roteiro e arte de Sean Murphy (Joe – o bárbaro, Punk Rock Jesus) , Batman – Cavaleiro Branco 1 tem como pano de fundo a conturbada relação destes personagens tão marcantes para discutir a seguinte equação: e se o Batman durante a sua cruzada pela justiça se tornasse tão impiedoso quanto aqueles que combate? E se ele não fosse a cura, mas sim uma das causas do status de Gotham? E se dentre todos em Gotham apenas o Coringa fosse capaz de perceber isso?
Batman, o verdadeiro vilão de Gotham
Estes questionamentos são introduzidos durante uma tensa perseguição pelas ruas de Gotham quando o Coringa foge mais uma vez do Asilo Arkham. O interessante dessa perseguição é a sensação de estranhamento. Folhear as páginas e ver o Batman agindo é simplesmente desesperador, surreal e somos confrontados a ver o quão inconsequentes são os seus atos. E não estamos sozinhos nesse turbilhão de emoções. Batgirl e Asa Noturna, em uma excelente sacada de Murphy, atuam como as vozes do leitor apreensivo com aquele Batman soturno, calado e implacável.
Falando no Batman, a forma como pesa o traço de Sean Murphy ao retratá-lo é certeira: não estamos diante de um herói, mas de alguém a ser temido, que não respeita o próximo, fanático, um vilão. E como não pensar nisso vendo as cenas finais da perseguição ao Coringa?
Um Coringa humanizado
Por sua vez o Coringa aparece na HQ bem mais humanizado e lúcido do que estamos acostumado a vê-lo. Durante seu embate com o Batman, o vemos com lágrimas nos olhos, desesperado por suas queixas esbararem nos ouvidos moucos do Cruzado de capa e desolado ao perceber que o fim da relação entre os dois é inevitável. Um amante de coração despedaçado e duas cenas na HQ nos dizem muito sobre isso.
A primeira é uma verdadeira homenagem de Murphy a toda a trajetória entre os dois. Ao acordar em sua cela, o Coringa está rodeado por recortes de jornais, action figures, revistas, bustos, itens de colecionador, bugigangas e tudo o mais que vocês possam imaginar sobre os dois. Uma página cheia de referências aos quase oitenta anos do Batman.
Easter-eggs
Dentre as inúmeras referências encontradas dentro dessa página destaco:
- Uma coleção com quase todos os Batmóveis;
- Um pôster da clássica animação de Bruce Timm e Paul Dini;
- Um pôster, um action-figure do Coringa de Jack Nicholson e diversos outros objetos que remetem ao filme do Tim Burton de 1989;
- Uma revista com o Coringa interpretado por Heath Ledger
- Duas peças de lego do filme LEGO Batman: O Filme.
A página é uma verdadeira caça ao tesouro e vale a pena ficar mais alguns minutos observando os detalhes encontrados. Mas mais interessante que essas referências é podermos ver o quanto o Coringa é devoto a figura do Batman. E como todo devoto ao perder a sua fé, em um momento de pura catarse, destrói todos os símbolos de seu amor.
Podemos ver vislumbres desse ato na segunda cena mais marcante do personagem: um tenso diálogo com o Batman em sinal de despedida. Uma “DR”, após o término, para que as últimas pás de cal sejam jogadas e explicações sejam dadas, mesmo que não mais necessárias.
Conclusão
Sendo a primeira, de oito edições, Batman – Cavaleiro Branco 1 se mostra bastante promissora e vem no rastro de outras interessantes publicações do personagem que já resenhamos aqui no blog como Batman: O príncipe encantado das trevas e Noite de trevas: Metal. E termina com algumas pontas soltas bastante interessantes e a principal delas é: o que o Corin… Não. O que Jack Napier vai fazer daqui para frente?
Nota: 4 de 5.