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Críticas de segunda e Opiniões de quinta sobre Quadrinhos

Por Thiago de Oliveira

Arreda! review

Arreda!

BH é um ovo. Mas também é a capital dos bares, dos encontros inesperados e de uma cena cultural vibrante e plural. E para dar conta de tudo isso, 13 quadrinistas se juntaram para revelar os seus segredos, personagens e lugares.

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Ficha técnica

Capa de: Marco Chagas

Arreda!
Autores: Ana Cardoso – Daiely Gonçalves, La Cruz – Jessica Goes – Hector Lourenço – Celle – Gamba Martins – Jade – Guss – Maria Juripira – Massai – Mayara Smith – João
Preço: R$ 70,00
Editora: Independente
Publicação: Maio de 2024
Número de páginas: 88
Formato: 17 x 24,5 cm / Preto e branco/Lombada quadrada
Gênero: Alternativo

Sinopse: Belo Horizonte é um ovo. É o que todo mundo diz sobre a cidade, mas a capital dos bares é também aquela dos encontros inesperados, de uma cena cultural vibrante e plural. E para dar conta de tudo isso, 13 quadrinistas se juntaram para revelar os seus segredos, personagens e lugares.

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Eu gosto de coletâneas pela caixinha de surpresas que elas são. Alguns nomes mais conhecidos, alguns novatos, mas todos reunidos seja por um tema, por uma curadoria ou simplesmente pelo prazer de se fazer quadrinhos juntos. É possível colocar a Arreda! dentro de duas das três motivações. 

A HQ é fruto do selo Copo Sujo, formado por artistas visuais, designers, escritores e ilustradores que se reuniram a fim de contar as suas histórias tendo como pano de fundo a cidade de Belo Horizonte. O resultado são histórias tão variadas quanto os seus participantes. Passando por experimentações narrativas, histórias de bar e de amor, rolês e outras que mostram como que no fim, todo belo-horizontino vive uma eterna Lei de Bacon, onde todo habitante daqui está a seis degraus um do outro.

A cena de BH

Muito se fala da cena de quadrinhos de São Paulo, porém BH sempre foi um polo da nona arte e não é somente por conta do FIQ. Apesar de que para mim, o festival tem influência direta na quantidade de quadrinistas, selos, coletivos e publicações que surgiram e sumiram ao longo dos anos. 

Puxando de memória, talvez a publicação e selo mais famoso tenha sido a Graffiti 76% Quadrinhos, publicada entre 1995 e 2012, ganhadora de diversos HQ Mix e participação de diversos quadrinistas, especialistas na área e pessoas de peso da cultura nacional. Nesse meio tempo, vários outros coletivos surgiram – eu mesmo participei de dois coletivos menores e de vida breve na capital – e deram visibilidade a tantos autores e autoras belo-horizontinos que hoje estão espalhados por aí.

Falar sobre esses grupos por si só renderia um outro post (sem contar na pesquisa historiográfica), todavia é sempre bom ver o nascimento de um novo grupo buscando movimentar as coisas por cá. Ao passo que, dentro dessa tradição, Arreda! tem, como dito anteriormente, uma proposta bem interessante e funciona tanto como um guia turístico como um catálogo de apresentação de uma nova, por assim dizer, geração de quadrinistas de BH.

Arreda! ou de uma nova geração

Arte de: Hector Lourenço

Dentro do grupo há nomes que certamente você já deve ter esbarrado nas redes sociais e em outras publicações. Como, por exemplo, a quadrinista Ana Cardoso (Quando você foi embora, Mingau: Apego) que abre a HQ com a excelente Te conheço? ou a Jéssica Góes com o seu relato, cheio de humor, sobre a sua vinda para a capital mineira em P.O.V.: Uma carioca em BH

Outros destaques vão para as histórias de Lacruz com Pocs 2000, que me obrigou a procurar ajuda para entender o que significava marvan (não sou fluente no pajubá) e que narra as dores e as delícias de ser gay nos anos 2000 em BH; Maria Jupira com Conversa de bar, que também vai explorar a questão de estarmos todos conectados  de alguma forma por aqui; Jade Zilla com Tempo Perdido que irá tratar dos encontros e desencontros da vida usando os bares da cidade como metáfora; Hector Lourenço em Ponto de vista mostra diferentes detalhes e locais de Belo Horizonte utilizando uma aquarela de encher os olhos; Celle que nos conta sobre o ato de crescer e os pavores desse processo. 

Claro que as outras seis histórias possuem os seus méritos e essa minha pequena lista de destaque não encerra as possibilidades de leitura da coletânea. Essa é, talvez, uma das principais qualidades de uma obra do gênero. Há histórias para todos os gostos e cada uma delas vai tocar quem lê a HQ de uma forma. Por isso, fica aqui registrado o meu convite para que você, aí do outro lado da tela, vá, leia e conheça essa nova geração de quadrinistas de BH.

Conclusão

Pedindo licença ou em um bom mineirês Arreda! é daquelas publicações para as quais eu torço. Torço para que ela ganhe um segundo número, torço para que o selo cresça, que os quadrinistas que o compõem não esmoreçam e que possam se firmar cada vez mais no mercado brasileiro de quadrinhos. E que possam tomar de assalto a cena, assim como o rap e o funk belo-horizontino fizeram.

Por que BH é quem? BH é nóis.

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