Ficha Técnica
Batman – Cavaleiro Branco 5
Autores: Sean Murphy (roteiro e arte) e Matt Hollingsworth (cores).
Preço: R$ 7,50
Editora: Ed. Panini / DC Comics
Publicação: Dezembro/2018
Número de páginas: 24
Formato: Americano (17 x 26 cm.) Colorido / Lombada com grampos
Gênero: Super-heróis
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Sinopse: Jack Napier é o novo vereador de Gotham City. A OTG está ativa e a credibilidade do Batman patina junto à opinião pública. Mas nada que estranhos segredos do passado e uma desastrosa perseguição de carros não possam piorar.
E cá estamos de volta a minissérie do quadrinista Sean Murphy e após o intenso quarto volume, Batman – Cavaleiro Branco 5 é praticamente um anticlímax. Uma parada nos boxes para reabastecer – uma pausa cheia de tensão na qual se sentir o ranger de dentes e ossos.
A cor em Batman – Cavaleiro Branco
Mas antes de prosseguirmos, quero corrigir uma falha e chamar atenção para o parceiro de trabalho de Murphy na série: o colorista Matt Hollingsworth. Cores são poderosas ferramentas para se objetificar o intangível seja criando ou ampliando emoções e por vezes acrescentam uma camada narrativa própria difícil de perceber numa leitura mais rápida. E na série, o que não falta são momentos onde as cores atuam como coadjuvantes de luxo anunciando eventos, intensificando ações e entregando belos quadros.
Utilizando de cores quentes (laranja) e frias (azul), o trabalho do colorista é primoroso e contribui para realçar e destacar os traços sujos e elaborados de Murphy, tornando sequências e quadros em verdadeiras expressões de sentimentos como raiva, culpa, tristeza e solidão. Chamo atenção para a forma como essas cores vão tomando gradativamente a composição até termos os personagens isolados e imersos em cores, um verdadeiro termômetro da intensidade dessas emoções.
Neste volume não é diferente e temos uma sequência onde o tom vibrante de laranja de Hollingsworth carrega de tensão o diálogo entre o Cavaleiro das Trevas e Harleen Quinzel e nos ajuda a ver o quão pressionado o Batman está. Aliás, este diálogo é um dos melhores momentos deste volume centrado no Cruzado Encapuzado.
A Gotham pós-Napier
Ao voltar a trama para a figura do Batman, Murphy desacelera o enredo e nos apresenta os resultados das ações de Jack Napier na política de Gotham. Eleito a vereador e atuando junto a OTG, Napier vem desidratando o papel do vigilante e o pondo em xeque. E podemos ver essa tensão ao longo dos embates do Batman com Dick e com Harleen.
Dentro desse cenário, Batman – Cavaleiro Branco 5, desenha uma Gotham em vias de separação de seu principal herói e estas duas conversas demonstram o quão traumático está sendo para o Batman ver estas mudanças e particularmente a rapidez com as quais elas estão acontecendo.
Aliás, se há algo passível de crítica no enredo de Murphy é a passagem de tempo na minissérie. Alguns eventos parecem ocorrer quase que simultaneamente e outros exigem que o leitor reconstitua uma linha temporal um tanto quanto própria. E isso fica nítido nesta edição com algumas situações bem estranhas, como por exemplo:
- No volume 4 vemos a conversa entre Napier, Gordon, o Asa Noturna e a Batgirl sobre a criação da OTG. Aqui, a cena abaixo parece se dar logo após esse encontro, mas quando na verdade parece ter ocorrido dias após.
Nesta cena, Batman está seguindo as pistas dos ataques coordenados dos vilões a cidade de Gotham e desconfia da atuação do Cara de Barro nos planos da Neocoringa em conjunto com o Chapeleiro Louco. As pistas encontradas ainda estão frescas, mas as eleições já aconteceram e Napier já foi empossado, então como o barro descoberto ainda está molhado?
As três forças de Gotham
Erros de continuidade a parte, o essencial deste volume está na costura, realizada por Murphy, entre as diferentes forças: Napier e Quinzel, Batman e a Neocoringa.
Como descobrimos, no volume anterior, a família Wayne possui uma ligação com o pai do Dr. Victor Fries – o Senhor Frio. Filho de um ex-oficial da SS, braço paramilitar do Nazismo, que ao que tudo indica obteve perdão ao colaborar com pesquisas realizadas pelas Empresas Wayne coordenadas por Thomas e Martha Waynes. Em posse dessa informação a Neocoringa e o Chapeleiro Louco resolvem invadir a mansão Wayne a fim de encontrar e resgatar os planos desenvolvidos por esta funesta ligação.
E é este o gatilho para a segunda melhor sequência da HQ: uma perseguição pelas ruas de Gotham onde o Batman entra em conflito, pela primeira vez, com a OTG para preservar a família Wayne. O saldo desta perseguição é a ruptura final entre Gordon e o Cavaleiro das Trevas, onde, em frente a um atônito Napier, o comissário da polícia de Gotham declara o Batman como um supercriminoso.
Além disso, este embate pelas ruas nos prepara para as próximas edições, pois como proferido anteriormente pela própria Neocoringa: Gotham precisa um Coringa e ela está se mostrando uma personagem a altura do legado do Palhaço do Crime. Inteligente, perigoso e astuta de tal forma que Gotham não está tão bem protegida como o vereador recém eleito acredita que esteja.
Nota: 3 de 5