Ficha Técnica
Batman – Cavaleiro Branco 7
Autores: Sean Murphy (roteiro e arte), Matt Hollingsworth (cores).
Preço: R$ 7,50
Editora: Ed. Panini / DC Comics
Publicação: Fevereiro / 2019
Número de páginas: 24
Formato: Americano (17 x 26 cm.) Colorido / Lombada com grampos
Gênero: Super-heróis
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Sinopse: Com a ameaça da Neocoringa pairando sobre Gotham, medidas extraordinárias são tomadas. E em meio a esse caos, Jack Napier deverá enfrentar o Coringa caso queira ter uma chance contra a vilã e para isso ele irá contar com a ajuda do Batman. Eis o início do emocionante desfecho da minissérie.
Sabem quando uma história entrega tudo aquilo que você estava esperando e ainda sobra espaço para te surpreender? Isso é Batman – Cavaleiro Branco 7. Uma HQ intensa e que tem todos os elementos de uma boa história, até mesmo aqueles piegas que entregam um tanto quanto do enredo.
Como estamos na penúltima edição da minissérie é inevitável que spoilers sejam dados e em respeito aos que me leem fica aqui esse recado. Todos prontos? Ótimo, bora tocar esse barco então.
Começando exatamente de onde parou a edição anterior, descobrimos o motivo pelo qual o Coringa voltou a dominar, mesmo que momentaneamente, o corpo de Jack Napier. A medicação vem fazendo cada vez menos efeito, o que vem colocando o vereador em luta com a sua contrapartida maléfica. E graças aos esforços da Neocoringa, não só os planos de Napier para a cidade, mas como também a sua própria psique estão por um triz.
Reviravoltas e resoluções
O mais impressionante nesta edição são as inúmeras reviravoltas e revelações com que Murphy bombardeia o leitor, tornando essa edição até então uma das mais agitadas. E apesar de ter apenas 24 páginas para contar tudo o que precisa antes do final, o enredo possui espaço para o desenvolvimento dos personagens que compõem o núcleo duro de toda a trama: Batman, Jack Napier e Harlenn Quinzel.
Claro que algumas tensões desenvolvidas nas edições anteriores são resolvidas em um estalar de dedos, mas mesmo elas se tornam momentos muito bonitos e representativos sobre as relações estabelecidas ao longo da trajetória do Morcegão. Se aproveitando deste conhecimento prévio dos leitores, Murphy desenvolve soluções rápidas para os conflitos desenvolvidos ao longo da minissérie entre os membros da bat-família e de seus aliados. O que consequentemente faz com que muito da carga emocional destas cenas se perca se vistas de forma descontextualizada.
Este fenômeno não ocorre, por sua vez, nas cenas protagonizadas por Napier e Quinzel. E apesar de serem poucas, uma página de diálogo entre os dois e outro entre o Batman, a Batgirl e o Asa Noturna que demonstram o quão importante é o papel da Arlequina dentro da história de Batman – Cavaleiro Branco. E se duas edições atrás, Quinzel chama o Batman a razão, aqui ela faz o mesmo com Jack Napier revelando conhecer ambos melhor do que ninguém.
E nessa partida de xadrez por Gotham é Quinzel que verdadeiramente atua como um coringa modificando toda a estrutura de força e tensão entre os pólos representados por Napier e pelo Batman.
Um texto que explora muito bem o papel de Harlenn Quinzel é o Batman: O Cavaleiro Branco é Um Contraponto a Batman: O Cavaleiro das Trevas do Guilherme Smee e que vale uma leitura.
Batman e Jack Napier – a dupla dinâmica
Talvez o ponto alto de Batman – Cavaleiro Branco 7 seja a revitalização de um velho clichê das histórias em quadrinhos de super-heróis – o aparecimento de uma terceira força que impele a junção de forças dos heróis. Esse evento, já tão batido, transforma-se no roteiro de Murphy em um processo catártico no qual Napier e Batman expurgam sentimentos e fantasmas do passado.
Como apontado pela própria Quinzel, os dois são muito mais parecidos do que gostariam de admitir e que a despeito dos métodos estão preocupados em garantir uma Gotham mais segura para os seus e para os cidadãos da cidade. E essa preocupação e seus atos, criminosos diga-se de passagem, que os aproxima e faz com que juntem suas forças para parar a Neocoringa.
E para que isso possa dar certo, o primeiro ato é passar o passado a limpo e para isso é necessário se falar do que aconteceu a Jason Todd. Revisitando essa passagem tão icônica da mitologia do Cavaleiro das Trevas, o quadrinista norte-americano torna esse momento de violência ainda mais triste e violento. Jason não morreu, mas após ser torturado pelo Coringa, o jovem alquebrado desapareceu com o intuito de se livrar de Bruce Wayne, do Batman e de toda a violência dessa convivência.
Muitas das 24 páginas giram em torno desse processo de conciliação, e isso acabando causando um tom de despedida e que parece preparar o leitor para o que está por vir na próxima edição. Afinal de contas o que se desenha é uma batalha pelo destino de Gotham.
Detenham a Neocoringa!
E todas essas ações convergem para um único objetivo: neutralizar a Neocoringa. Detentora de um exército particular, composto por todos os grandes vilões do Batman, auxiliada pelo Chapeleiro Louco, dona de um canhão congelante e completamente obcecada em resgatar o Coringa, a Neocoringa tornou-se a maior ameaça já vista a cidade.
Localizado em uma ilha, sob solo alemão, e construído pelo Barão Von Fries, o canhão utiliza a mesma tecnologia do Senhor Frio e é uma peça chave para salvar os milhares de cidadãos congelados após o tiro de aviso dado na última edição.
A intenção da vilã, como vimos em Batman – Cavaleiro Branco 6, é a de dar um fim na eterna batalha entre Batman e o Coringa. E para isso, ela está disposta a congelar e matar todos os habitantes da cidade.
E o plano para impedir a Neocoringa é um só: invadir a ilha e tomar o controle do canhão congelante custe o que custar. Para isso, a OTG, Napier, Quinzel Asa Noturna, Batgirl e o Batman uniram forças para uma investida total contra a vilã. Aliás, para que nossos heróis tenham tenham sucesso neste plano figurantes de peso são chamados: os batmóveis.
Os Batmóveis
Estão todos lá e para vocês não perderem nenhum, segue a lista para rememorar:
- o batmóvel de Batman: a série animada de Bruce Timm e Paul Dini;
- o batmóvel dos filmes do diretor Christopher Nolan;
- o batmóvel da série de 66 estrelada por Adam West e Burt Ward;
- o batmóvel dos filmes do diretor Tim Burton;
- o batmóvel de “A piada mortal” desenhado por Brian Bolland.
E se o tom de despedida não estava claro o suficiente, o discurso proferido por Gordon nas páginas finais o escancara de vez.
Reunindo aventura, comédia e um forte tônus emocional para esta penúltima edição, Murphy chega com fôlego para a última edição e vem entregando, senão um clássico, uma excelente história do Cruzado Encapuzado.
Nota: 4 de 5