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Críticas de segunda e Opiniões de quinta sobre Quadrinhos

Por Thiago de Oliveira

Batman: O Último Cavaleiro da Terra  2 | De Segunda

Batman: O Último Cavaleiro da Terra 2

Batman: O Último Cavaleiro da Terra  2 chega com todas as respostas prometidas. Entretanto, seria bom que viesse também com uma enciclopédia Snyder a tiracolo.

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Ficha Técnica

Batman: O Último Cavaleiro da Terra  2 capa | De Segunda
Capa de: Greg Capullo e FCO Plascencia

Batman: O Último Cavaleiro da Terra  2
Autores: Scott Snyder (roteiro) e Greg Capullo (arte)
Preço:R$ 11,90
Editora: Panini / DC (Black Label)
Publicação: Abril / 2020
Número de páginas: 56
Tradução: Érico Assis
Formato:   17 x 26 cm cm / Colorido / Lombada quadrada / Capa cartão
Gênero: Super-heróis
Sinopse: Em busca de respostas, o jovem recriado Batman parte em direção às planícies da solidão, a fim de encontrar um antigo aliado. Mas o caminho até lá revela um mundo perigoso, incompreensível e com pouco espaço para a esperança.

***

Entrada

Acredito que há obras que instigam queimando os dedos de leitores forçando a irem cada vez mais rápido em sua leitura. E nem sempre isso é algo bom, já que a motivação por trás disso não é a diversão proporcionada ou uma tensão capaz de te colocar na beira da cadeira. Algumas vezes o fomento para o término de uma leitura é a busca pela resposta à seguinte questão: “onde isso vai parar?”. Esse é o caso de Batman: Último Cavaleiro da Terra 2. 

Talvez o entendimento que se deva ter ao ler a minissérie é que ela não só seja um resumo de todas as ideias de Snyder acerca do personagem, mas também a história final que o quadrinista gostaria de contar sem as amarras da continuidade.  E esses aspectos são tanto a sua força quanto a sua fraqueza.

Após um primeiro capítulo repleto de questões em aberto, este segundo volume chega para aplacar a sede por respostas. Entretanto, é aí que começa o problema. As respostas requerem um conhecimento prévio de uma série de elementos trabalhados por Snyder e Capullo em sua run junto ao Batman. E se isso já estava implícito no primeiro volume agora se escancara, tornando a história um tanto quanto vaga para aqueles que não acompanharam toda a trajetória até aqui.

Batman Greg Capullo
Arte de: Greg Capullo

Diminuindo as camadas narrativas, Snyder começa a HQ com um embate entre Batman e Joe Chill. Para quem não se lembra, é Chill quem assassinou os pais de Bruce na saída do cinema e com destaque durante a run de Snyder nos Novos 52. E o que é um flashback do caso do garoto encontrado no Beco do Crime também reverbera como um lembrete: este é o último caso que o Batman resolverá.

Um novo e louco mundo

Mantendo o clima de road movie, na primeira parte da HQ acompanhamos o Batman em sua caminhada em direção das planícies da solidão, lar do Superman. E durante a sua jornada vemos quão distorcido e perigoso este mundo está. Nada é como Bruce se recorda e qualquer passo em falso pode ser o seu fim. E há fins piores do que a morte, como a tempestade força da aceleração nos mostra ou o oásis distorcido, conhecido como Forte Waller, palco de uma guerra entre soldados desconhecidos e criaturas semelhantes a zumbis.

Em relação ao Forte Waller, algumas considerações, pois são várias as camadas presentes. Além das menções, explícitas e implícitas, a uma série de personagens da DC, a passagem também serve como metáfora ao estado apocalíptico deste novo mundo, onde a violência e o caos são as potências regentes, e qual o papel do Batman nisso tudo. 

Easter eggs

Quanto às menções, temos:

  • Amanda Waller, que dá nome ao forte e mostra o quão preparada a diretora do Esquadrão Suicida estava para enfrentar todas as ameaças possíveis;
  • Capitão Átomo;
  • Senhor Incrível, Veronica Cale, Professor Ivo e Doutor Silvana;
  • O Vermelho, entidade ligada a toda vida animal e microrganismos do universo, e seu avatar o Homem-animal;
  • O Verde, força elementar ligada a vida vegetal de todo o universo, e seu avatar o Monstro do Pântano;
  • Tanque Mal-assombrado;
  • Soldado Desconhecido.
Arte de: Greg Capullo

Mas a mais impressionante aparição nesta primeira parte da HQ é a do vilão Ômega. Em Gotham ou melhor na versão construída por Alfred, vemos o mordomo ser confrontado por Bane e pelo Espantalho a mando do vilão. O que por si só já mostra o seu poderio, pois ambos são vilões que trabalham sozinhos e com objetivos bem diferentes. Junto a isso, o design do personagem com o traje do Garra em vermelho e preta faz com que ele se mostre como uma titã inquestionável. 

Contudo, a HQ ainda reserva algumas surpresas e ao final desta primeira parte é Clark quem aparece para resgatar Bruce. E é aqui que as respostas começam e finalmente sabemos como tudo aconteceu.

Para além do bem e do mal

Trazendo elementos de sua passagem durante a Liga da Justiça, a Legião do Mal e o Ano do Vilão, Snyder explica como se deu o confronto final entre Lex Luthor e o Superman. E desta vez tudo será resolvido em um debate acerca do bem e do mal no qual a humanidade decidirá o resultado. 

O plano de Luthor é bem simples. Com a ajuda de Starro, o cientista fixou em todas as mentes humanas um comando no qual basta as pessoas pensarem em “ruína” ou “justiça” e assim que a maioria optar por umas das opções, um armadilha será acionada matando Lex ou o Superman. E apesar do que o próprio Lex acreditava, a humanidade optou pelo ruína o que a levou a se voltar contra heróis, os vilões e tudo o mais que a aprisionava em nos grilhões da moralidade mergulhando o planeta na loucura e no caos. 

E é aí que o roteiro de Snyder começar a se desanuviar e ganha um descanso das autorreferências.Esta mudança na segunda parte da HQ permite que possamos  visualizar sobre o que se trata toda esta intricada trama e também rememorar o que o Batman significa para o roteirista norte-americano.

Batman – um simbolo

Após a confissão de Luthor, as planícies da solidão são atacadas por Bane e pelo Espantalho que passam a controlar os clones do Superman criados por Lex. A mando de Ômega, os vilões devem assassinar o Homem-Morcego, mas como de praxe em um roteiro de Snyder, um deux ex machina surge para salvar o dia: a Mulher-Maravilha. O que juntamente a um arrependido Lex criam a oportunidade perfeita para uma fuga.

Tanto os momentos finais de Batman: Último Cavaleiro da Terra 2 quanto outros espalhados neste e no primeiro volume, dão a entender que esta última história do Cavaleiro das Trevas é sobre a sua crença na bondade da alma humana. 

Batman: O Último Cavaleiro da Terra  2
Arte de: Greg Capullo

Assim como na saga Noite de Trevas, aqui Snyder retratar o personagem como um símbolo de superação. E que mesmo nas piores condições, permanece inabalável junto a crença de podermos sermos pessoas melhores, basta termos a oportunidade. Mas não sou só quem diz isso, mas o próprio Coringa.

E é em Gotham que poderemos ver a comprovação desta teoria, já que este segundo volume termina com a chegada de Bruce e Diana a cidade prontos para a batalha final contra Ômega.

Conclusão

Batman: Último Cavaleiro da Terra 2 entrega respostas, mesmo que confusas e que seriam mais bem digeridas com uma enciclopédia Snyder a tiracolo. Afinal de contas, a minissérie funciona como um grande resumo de toda uma década de Snyder frente ao personagem. 

Desta forma, a obra possui todas as vicissitudes do autor o que a torna alvo de paixões extremas, mas também que planta a dúvida: “onde isso vai parar?”.

Nota: 3 de 5

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