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Críticas de segunda e Opiniões de quinta sobre Quadrinhos

Por Thiago de Oliveira

Mônica: Coragem review

Mônica: Coragem

Para comemorar os 60 anos da dentuça mais querida do Brasil, uma HQ para não só celebrar o seu legado, mas também plantar os próximos anos. Conheçam Mônica: Coragem

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Ficha técnica

Mônica coragem capa
Capa de: Bianca Pinheiro

Mônica: Coragem
Autores: Bianca Pinheiro (roteiro e arte), Greg Stella (cor base)
Preço: R$ 44,90
Editora: Panini Brasil / Mauricio de Souza Editora – Graphic MSP
Publicação: Abril/2023
Número de páginas: 96
Formato: 19 x 27,5 cm. / Colorido / Lombada quadrada / Capa Cartonada
Gênero: Juvenil
Sinopse: A dona da rua está para fazer aniversário, mas no meio do caminho uma grande tempestade pode colocar tudo a perder. Mônica terá que ajudar seus amigos, cuidar de uma cacatua ferida, planejar a sua festa e lidar com a arrogância de Carminha Frufru. Será que ela vai dar conta?

***

Em 2023 uma das personagens mais queridas da nona arte brasileira faz 60 anos e toda uma agenda de comemorações está marcada. Celebrações estas, mais que merecidas, afinal de contas são poucos os que alcançaram essa marca. Contudo, acredito que a maior homenagem que a personagem poderia receber está em Mônica: Coragem. 

Arte de: Bianca Pinheiro

De uma certa maneira, a 37ª edição do selo Graphic MSP, é uma daquelas edições comemorativas de aniversário onde, se reúne um time de ouro para contar as melhores facetas do personagem e demonstrar o porquê dele chegar a essa marca. Só faltou o volume trazer estampado na capa as tais faixas com as chamadas especiais.

Fechando(?) a sua trilogia, Bianca Pinheiro retorna e entrega uma HQ que revitaliza e nos lembra os motivos da Mônica ser a dona da rua e a líder da turminha do Limoeiro. E o faz de uma forma primorosa.

A dona da rua

Para contar essa história, a quadrinista reuniu toda a turma. E quando digo toda a turma, é todo mundo mesmo. Com efeito, vemos alguns rostos que aparecem em outros volumes do selo, tais como Robertinho que aparece em Cebolinha: Recuperação, Capitão Feio e Cumulus, que deram as caras em Capitão Feio: Tormenta e algumas outras surpresas.

Por falar no nosso querido vilão sujismundo, cronologicamente Mônica: Coragem ocorre concomitantemente a história contada pelos irmãos Magno Costa e Marcelo Costa. Sendo o embate do Capitão Feio e de Cumulus a origem da tempestade que assola o bairro do Limoeiro.

Feita essa pequena digressão, dentre todas as participações especiais destaco as coparticipações de Cebolinha, Magali e Milena, que servem como peças-chave para a jornada de crescimento de Mônica. O que nos leva ao seguinte ponto: não é de hoje que os personagens da Turma da Mônica estão presos em um eterno sete anos, mas aqui, no Graphic MSP, eles estão pouco a pouco crescendo. Tanto que na HQ a nossa querida dentuça se chama de pré-pré-adolescente. 

Crescer é complicado

O tema dos desafios do sair da infância e adentrar a adolescência, foi tratado anteriormente em Franjinha: Contato de Vitor Cafaggi, que como informado nos extras da edição; teve uma forte influência em Pinheiro, a ponto da quadrinista reescrever o roteiro de Mônica: Coragem.

Eventualmente, o tema é perfeito para que a história possa impulsionar a personagem a novos caminhos ao mesmo tempo em que reafirma as características que a fizeram ser tão amada por seus leitores. E é por isso que, repito, a HQ é o maior tributo que Mônica poderia receber na comemoração de seus 60 anos. 

Ela, a HQ, utiliza do aniversário, da turma, dos pais, das dificuldades oriundas da tempestade para reafirmar os pontos fortes de Mônica, mesmo que ela esteja vivendo uma crise de identidade e que esteja se sentindo perdida. Ao final, o sentimento que temos é o de torcida para que a personagem reencontre a si e a sua força, mesmo sabendo que é isso que irá acontecer.

De fato, este retorno ao status quo poderia ir contra a história aqui proposta, contudo determinadas coisas essenciais tem a curiosa predisposição a não mudarem.

Rivais sim, inimigas também?

Porém, Mônica: Coragem conta com as suas próprias surpresas e é na rivalidade entre Mônica e Carminha Frufru que a HQ aposta para mexer nas estruturas da cronologia e passar uma mensagem sobre superação das diferenças. Algo que vem se tornando cada vez mais importante nos últimos anos, afinal rivais sim, inimigas não.

Mônica e Carminha servem como antagonistas primordiais. Uma é o reflexo invertido da outra, o que faz com ambas se antipatizam de imediato, mesmo que Mônica se esforce para criar um ambiente diplomático entre elas. Algo que podemos ver logo na chegada de Carminha na nova escola.

Esta dicotomia serve, a princípio, para marcar as tão conhecidas posições contrastantes das personagens. Entretanto, à medida que a história avança, ela é utilizada para reforçar a “queda” de nossa heroína. Reforçando assim a história com a subtrama da cacatua ferida encontrada por Mônica após a tempestade. 

Arte de: Bianca Pinheiro

Além disso, o recurso de opor as personagens também é empregado para fomentar de que há algo errado com as duas. Fato evidenciado por Milena em duas sequências na HQ e que tem como ponto alto a briga, que enfim chega às vias de fato, de Mônica e Frufru.

Um ponto a se destacar é como a quadrinista vai amarrando a história e a transformando em uma grande metáfora. Uma vez que, mesmo este ato de violência perpetrado pelas personagens, é também uma reverberação de toda a interação agressiva entre Mônica e a cacatua, que tende a bicar ao não saber se comunicar e interagir.

Mas me atenho por aqui, pois continuar a falar pode estragar a experiência de quem for ler a HQ.

Conclusão

Mônica: Coragem não inicia as comemorações do aniversário de 60 anos da personagem criada por Maurício de Souza, mas é uma forte candidata a ser um dos pontos altos da festa. Além de fechar a trilogia de Bianca Pinheiro com esmero e dar a oportunidade de não só a dona da rua, mas também do selo avançar.

Afinal de contas, já são dez anos de Graphic MSP e, apesar de vários personagens ainda não terem ganhado uma edição para chamar de sua, quase todo o núcleo da turma da Mônica já foi explorado. O que nos leva a questão: para onde o selo vai?

Certamente que ainda há muitas histórias a serem contadas e os próximos lançamentos nos mostram isso. Contudo, talvez seja chegado a hora dos personagens terem a oportunidade de crescerem e vermos um pouco da Turma da Mônica jovem, mas com a liberdade característica do selo criado por Sidney Gusman. As pedras para isso já foram lançadas, tanto aqui quanto em Franjinha: Contato. 

Nota: 4

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