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Críticas de segunda e Opiniões de quinta sobre Quadrinhos

Por Thiago de Oliveira

Noites de trevas: Metal 1 - De Segunda

Noites de trevas: Metal 1

Hoje é dia rock bebê! Conheça a saga Noites de Trevas: Metal focado no Batman e que tem nos roteiros Scott Snyder e nas Greg Capullo

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Ficha Técnica

Noites de trevas: Metal 1 - De Segunda
Capa de: Greg Capullo

Noites de trevas: Metal 1
Autores: Scott Snyder (roteiro) e Greg Capullo (arte) / James Tynion IV (roteiro), Jim Lee, Andy Kubert e John Romita Jr. (arte).
Preço: R$ 20,90
Editora: DC Comics / Ed. Panini.
Publicação: Junho/2018.
Número de páginas: 116 páginas.
Formato: Americano (17 x 26 cm) Colorido/Lombada quadrada. Capa cartonada.
Gênero: Super-heróis
Link Amazon: Compre aqui

Sinopse: Em busca de desvendar um grande mistério, Batman está prestes a encarar um inimigo que espreita nas sombras a milhares de anos, uma força maligna que irá romper as bases do multiverso. Nesta jornada, que envolve antigos aliados e inimigos, a única certeza é que há muito envolvido e que o tempo urge contra o nosso Cruzado encapuzado.

Entrada

Noites de trevas: Metal 1 rompe um enorme hiato na minha relação com as grandes sagas da editora DC Comics. Como muitos, acompanhar as publicações mensais das editoras estadunidenses se tornou uma tarefa um tanto quanto complicada, e a última saga que acompanhei mais de perto foi a A Noite Mais Densa do Geoff Johns lá em 2010 e de lá pra cá, vim acompanhando as movimentações da DC de longe, através de notícias e podcasts.

Fato que também estava acontecendo com esta nova saga do escritor Scott Snyder. Lia uma coisa ou outra, fiquei impressionado com o visual do “Batman que ri”, mas ainda não tinha certeza se iria cruzar esta linha e retomar a compra de um título recorrente da DC. Mas aí a editora começou a soltar a trilha sonora da saga e aí não tive como segurar a expectativa. Afinal de contas uma trilha sonora dessas não poderia representar outra coisa senão uma aventura grandiosa.

Composto pelas HQs Dias de trevas: a forja, Dias de trevas: a fundição e Noites de trevas: Metal 1, este primeiro volume faz jus a trilha sonora lançada. Com uma história detetivesca elevada à enésima potência, uma ameaça e um mistério, advindos dos primórdios dos tempos, fazem com o que o maior detetive do mundo embarque numa corrida contra o tempo atrás de respostas transmitidas em sombrios sussurros. E é este sentido de urgência o que une as três HQs deste volume.

Por ser um volume composto por três HQs, iremos analisa-las individualmente. Então puxe uma cadeira e vamos lá.

Dias de trevas: a forja

A trama de Dias de trevas: a forja é intensa, rápida e não nos dá muito tempo para respirar. E dois pontos desse prólogo merecem a nossa atenção: sua estrutura e seu ritmo.

Estruturalmente vemos uma jornada ao desconhecido. Guiados pelo desejo de saber, pela compulsão de controle e pelo senso de dever, Carter Hall (Gavião Negro), Batman e Lanterna Verde convergem para um destino do qual não podem escapar em busca da resposta: quem espreita por detrás do véu? Assim como os heróis das tragédias gregas, os três caminham cegos em direção ao monstro.

Das jornadas dos heróis

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaBatman enfrenta o problema da estranha energia sombria que advém do núcleo da Terra que vem se espalhando pelo globo. Seu nível e seu comportamento indica a aproximação de algo nunca visto antes. Em seu caminho aliados, estranhos artefatos e antigas figuras da DC. Sua trama é a de um homem obcecado por respostas e que vê no tempo seu principal inimigo. Em busca da origem da energia sombria, o vigilante de Gotham visita diferentes localidades: o triângulo das bermudas, a lua e a Fortaleza da solidão. Nestas localidades encontra, respectivamente, o Aquaman, o Sr. Incrível, o Superman e o Sr. Milagre. Todos esses personagens fazem o papel do coro das tragédias gregas, já que aconselham, questionam e principalmente alertam sobre a direção tomada pelo cavaleiro das trevas.

O Lanterna Verde, por sua vez, é convocado para investigar a fonte de uma nova ameaça cósmica e suas coordenadas o levam diretamente a batcaverna. Defendida pelo jovem Duke Thomas que, após um breve embate, se une a Hal Jordan na exploração de uma parte secreta dentro do esconderijo do Batman. Guiados por uma estranha voz, os dois caminham em direção ao desconhecido e ao perigo eminente. Marinheiros encantados pelo canto da sereia, os dois ouvem a ligação dos estranhos metais encontrados em diferentes objetos poderosos e os últimos eventos na cronologia do morcego, assim como as recentes operações do Batman.

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaOs Renegados / Arte de: John Romita Jr.

Carter Hall pouco aparece nessa primeira história, mas é através dele que aprendemos mais sobre essa nova ameaça. Cheia de avisos, a trama do Gavião Negro é um sobreaviso: algo está vindo. E com ele podemos sentir as reminiscências da tragédia que rondam nossos heróis.

Noites de Trevas: mais uma crise?

Noites de trevas: Metal 1 - De Segunda
Arte de: John Romita Jr.

Quanto a seu ritmo, a trama é conduzida como um crescendo. Com vários cortes temporais e espaciais, o roteiro vai apresentando novos elementos, personagens e ameaças para que possamos perceber que a escala desse novo perigo que se aproxima. Por conta disso, o prólogo é recheado de participações especiais, easter-eggs e pistas que vão compondo o seguinte quadro: estamos diante de uma crise. E todo fã da DC sabe o significado dessa palavra para a editora.

E para não haver dúvidas que estamos diante de mais uma Crise, há duas referências explícitas as Crises passadas. Num primeiro momento, mais discreto, um dos Imortais nos avisa que o mundo dos super-heróis mais públicos ruma a uma crise nunca antes vista. A segunda menção é bem mais descarada e ver o Batman em posse deste artefato é impressionante. Saída originalmente das Crises nas Infinitas Terras a torre cósmica dissipa de vez qualquer ambiguidade sobre a importância de que Noites de trevas: Metal terá para o futuro da cronologia da editora.

Coadjuvantes de peso

Outro fato que vem para corroborar a importância da saga são as aparições de personagens um tanto quanto esquecido e que ganham novo fôlego no roteiro de Snyder:

  • Os Renegados – equipe criada em 1980 por Mike W. Barr e Jim Amparo e que estava sumida desde a era Renascimento. Metamorfo, Raio Negro, Katana, Geoforça e Halo são a equipe secreta e de elite do Batman para missões especiais.
  • Falcões Negros – esses aqui são para o pessoal da velha guarda. Saídos diretamente da Era de Ouro dos quadrinhos o grupo de aviadores ganha nova roupagem e se tornam, como veremos posteriormente, um time antiapocalipse. Liderados pela Lady Blackhawk eles estão prontos para lutar contra a ameaça que observa das sombras.
  • Homem-Borracha – não o vemos atuando, mas ele está lá preso dentro da Batcaverna e pronto para voltar!

Além da estrutura e do ritmo, um terceiro elemento é bastante peculiar neste prólogo: sua linguagem. Snyder e James Tynion IV, usam e abusam de adjetivos e substantivos sombrios. Não são poucos os momentos onde os autores utilizam palavras para reforçar o clima tenebroso que cerca nossos heróis.

E vou parando por aqui, pois o prólogo é uma verdadeira caixinha de surpresa para os fãs da DC. Fique atento ao ler a HQ, essa é a minha dica, há easter eggs por todos os cantos. E assim, passamos para a segunda parte do volume.

Dias de trevas: a fundição

Se na trama anterior estávamos em um crescendo, aqui as notas descem até as profundezas e o que temos é uma história mais intimista. Onde a cada passo dado nos faz questionar se este é o caminho certo. E é na figura de Carter Hall que podemos acompanhar este movimento mais de perto.

Não que a história economize nas ameaças aos outros dois heróis ou que as jornadas do Batman e do Lanterna Verde sejam deixadas de lado, mas é na mitologia do Gavião Negro que encontramos algumas das respostas que tamo almejamos.

Um pouco de Filosofia em Noites de Trevas: Metal 1

Sua saga para compreender o metal enésimo e seus efeitos, é parecida com a jornada trágica dos heróis gregos. Guiado por sua crença na ciência Carter Hall caminha em direção em direção a um desfecho trágico. Seu encontro com os Imortais, sua fracassada tentativa de enxergar o abismo, suas dúvidas e queda no escuro, são ecos da jornada do herói grego. E durante a leitura desta de Noite de Trevas: Metal 1 só conseguia pensar na figura de Édipo.

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaE por que? Porquê Carter Hall possui aquilo que os gregos chamam de arete. Um atributo próprio dos deuses e dos heróis que se expressa através de um conjunto de dons e habilidades. Um elemento que distingue os heróis das pessoas comuns.

O herói, através de sua arete, tem o poder para desafiar os deuses e seu próprio destino. Mas isto implica em uma norma de conduta, um modo de agir. E em Hall isso se traduz no seu desejo pelo saber, em encontrar uma resposta custe o que custar. E é aqui que encontramos o elo entre o herói grego e o Gavião Negro, pois ambos caminham em direção a catástrofe.

E este desejo de saber é exposto logo nas primeiras páginas desta terceira parte de Noites de Trevas: Metal 1. E enquanto acompanhamos a trajetória do Gavião Negro, continuamos a rever antigos conhecidos da DC Comics. Em seu encontro com os Imortais, ficamos sabendo o motivo pelo qual seres tão distintos e poderosos se reuniram.

Velhos Conhecidos

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaMunido da revelação dada pelo grande Mago Shazam, Hall parte para  compreender esta ameaça ancestral e reúne homens e mulheres ávidos pelo saber, pela aventura e dispostos a serem os bastiões do progresso. E aqui, Snyder resgata alguns velhos conhecidos da DC: os Desafiadores do Desconhecido, criação do saudoso Jack Kirby.

Ver Snyder resgatar, em Noites de Trevas: Metal 1, antigos heróis da era de ouro dos quadrinhos para, junto com o Gavião Negro, criar uma mitologia própria que explique quem é a ameaça que paira sobre o universo DC é algo sensacional. É um daqueles feitos que nos preparam para os eventos pós Noites de Trevas: Metal e mostram mais uma vez que a saga é sim uma daquelas crises estruturais tão conhecidas dos fãs da DC. E detalhe, Snyder utiliza datas reais para explicar a ascensão e queda desses heróis clássicos. Pura arte sequencial.

Rumo ao desconhecido

Nos afastando de Carter Hall, não é somente ele que caminha em direção ao desconhecido. Batman continua sua jornada para compreender os estranhos metais que o cercam. E outras figuras se somam ao coro de vozes que o alertam: Mulher Maravilha, Dubillex e Talia Al Ghul. E a cada encontro os avisos vão se tornando mais sombrios, ameaçadores e sentimos que o perigo está cada vez mais próximo. E o próprio Batman sente isso. O maior detetive do mundo encontra um mistério aparentemente insolúvel e ele tem medo. Medo do que se esconde nas sombras.

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaMedo compartilhado pelo Lanterna Verde e pelo jovem Duke Thomas. Presos e desarmados, enfrentam um Coringa ensandecido que destrói tudo que vê na Batcaverna. E novamente Snyder utiliza o recurso do coro grego, agora através da figura do Coringa. Atuando como um profeta louco que entre falas desconexas revela a verdade para moucos ouvidos. Como o próprio palhaço do crime nos diz: “[…] desta vez, estou sendo o mocinho!”.  O interessante desta parte de Noites de Trevas: Metal 1, é ver como Snyder utiliza os heróis, para revelar aos leitores mais algumas peças desse tenebroso quebra-cabeça.

A aproximação das trevas

Retornando a Batcaverna, Batman relata a importância do Coringa para a resolução de tantos enigmas e lamenta a sua fuga. E após repreender o Lanterna Verde e Duke passa a contar os eventos ocorridos. E é com este encontro entre os três heróis que começamos a trilhar o fim da segunda parte de Noites de Trevas: Metal 1.

Juntos, e em posse da adaga do mago Shazam, os três finalmente se aproximam da resolução deste mistério. Duke, auxiliado pelo anel do Lanterna Verde e pela energia emanada da adaga, reconstrói a máquina destruída pela Coringa. É esta máquina que dará ao Batman a oportunidade de encontrar as respostas que tanto procura.

Mas o final não é como o esperado. E ecoando o aviso final Carter Hall, em algumas conclusões não é você que escolhe, mas é escolhido por elas. E ao olhar para o abismo, Batman só vê a escuridão que anuncia o fim dos dias de trevas e o início das noites de trevas.

Noites de Trevas

Após um prólogo tenso e bastante intenso, Snyder suaviza o tom e nos entrega uma trama aventuresca. E as primeiras páginas deste primeiro capítulo de Noites de Trevas: Metal 1 não nos deixam mentir.

Após um novo alerta, passamos para a nova lua bélica de Mongul, onde a Liga da Justiça luta para sobreviver as artimanhas da arena construída pelo vilão. Se engana quem considera este início como uma galhofa pueril, pois nada em Snyder vem sem uma razão. A fuga de Mongul é também um aviso. Algo que vem afetando a ordem do Multiverso e seres como os braalianos, carcereiros até então de Mongul, estão receosos e não conseguindo cumprir mais suas funções.

De volta à terra, a Liga se depara com uma Gotham devastada. Uma enorme e sombria montanha surgiu no meio da cidade. Emitindo uma estranha energia e com um misterioso bunker em seu centro,  a montanha é o local de encontro entre a Liga da Justiça e os Falcões Negros. Este encontro é marcado por revelações e avisos sobre a crise que se aproxima do Multiverso DC.

Caldeirão de ideias

O interessante desta última parte de Noites de Trevas: Metal 1 é a quantidade de informações a quais somos apresentados. Snyder faz uma verdadeira miscelânea de fatos e nos vemos em meio a antigos personagens da DC, conceitos da passagem de Grant Morrison no Batman e de sua série Multiverso e recentes descobertas científicas.

Noites de trevas: Metal 1 - De Segunda

A efervescência deste caldeirão cria algo único. Uma crise completamente diferente e centrada na figura do Batman e que estranhamente nos leva a ideia de estabilidade. Bem e mal, razão e loucura, luz e trevas, Batman e Superman. Todo o multiverso da DC é baseado nesta luta interminável para equilibrar a balança cósmica. E se temos um multiverso vivo, sintrópico, expansível e solar, por que não um multiverso decadente, sombrio e entrópico? E é este o grande conceito apresentado por Snyder em Noites de Trevas: Metal 1.

 

É a insurgência deste multiverso de trevas, a origem da crise que os Imortais nos alertaram lá no começo de Noites de Trevas: Metal 1. É dele que virá o grande pesadelo que cobrirá a Terra. O grande dragão que espreita nas sombras apenas esperando o momento de se reerguer e engolir a vida.

Dos gregos para os bíblicos

Noites de trevas: Metal 1 - De SegundaSnyder continua nos levando a diferentes locais e pontuando diferentes encontros para reafirmar os perigos que rondam o cruzado encapuzado. Estas indas e vindas podem nos levar a pensar que permanecemos no mesmo terreno do prólogo, mas não. Como dissemos anteriormente, saímos campo da tragédia e consequentemente as referências mudaram: saem os gregos e entram os preceitos bíblicos.

O termo dragão vem de um aviso do Tornado Vermelho e o diário de Carter Hall, nos revela que a tribo do morcego é a tribo de Judas.  Consequentemente, são eles os responsáveis pela primeira vinda de Barbatos – o deus deste Multiverso sombrio. E termina dizendo que o apocalipse é eminente e que o pesadelo é real.

E quem melhor que o próprio Sandman para confirmar isso? E é com esta aparição, está última reminiscência do coro grego, do rei do Sonhar que Noites de Trevas: Metal 1 termina. Um encontro que mostra a força desta nova crise e que deverá reunir todos os seres que habitam o Multiverso.

Fecha a conta

Finalizando esta longa resenha (obrigado a quem leu até aqui), o que tenho para dizer é que o início da saga Snyder tem potencial. Recheada de referências e com elementos simbólicos bastante ricos, tem potencial para chacoalhar as estruturas da DC. Tanto que o tratamento dado tanto pela DC, quanto pela Panini corrobora o que vimos aqui. Não atoa, a Panini patrocinou uma competição de guitarristas, apresentada pelo deus do Metal Detonator, para marcar o lançamento da saga. E merecido, afinal de contas Noites de Trevas: Metal 1 é um verdadeiro show de rock.

Nota: 4 de 5

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Respostas de 2

  1. Cara, comecei a ler, e terminei a numero 1.
    Obrigado por ter resumido e explicado, estava meio confuso, do nada, os heróis estavam em uma arena e tal, achei meio confuso, mas depois que li seu resumo, entendi.

    Valeu man

    1. Opa, que bom que você gostou e que ajudou na sua leitura.

      Volte sempre e não se esqueça de nos seguir nas nossas redes sociais para ficar por dentro das nossas resenhas.
      Um forte abraço!

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