Ficha Técnica
Piteco: Fogo
Autores: Eduardo Ferigato (roteiro e arte)
Preço: R$31,90
Editora: Panini Brasil / Mauricio de Souza Editora – Graphic MSP
Publicação: Junho / 2019
Número de páginas: 224
Formato: Americano (19 X 27,5cm) Colorida / Lombada Quadrada / Capa brochura
Gênero: Aventura
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Sinopse: Em Lem a tribo de Piteco próspera em tempos de paz protegida pela Grande Rocha Turuka e seus corajosos guerreiros, mas tudo isso muda após o ataque de uma poderosa e misteriosa tribo. Escravizados e divididos, Piteco luta para reencontrar sua família, seus companheiros e tudo aquilo de mais valioso que conquistou.
Entrada
Piteco: Fogo é divertido como um bom filme de aventura da sessão da tarde: despretensioso, rápido, com boas doses de humor e cumpre o seu objetivo que o de entreter o seu leitor por alguns bons minutos.
Com uma história simples, mas não simplória, Eduardo Ferigato faz uma continuação de Piteco: Ingá, publicada em 2013, mas seguindo um caminho próprio dando ao nosso homem das cavernas um universo próprio e redondinho. Tanto que nem é preciso ler a primeira HQ do personagem no selo para acompanhar a história narrada aqui.
E já que falamos da história, nela temos um Piteco mais velho, casado com Thuga e agora com uma filha chamada Thala. A família é responsável pela alimentação da tribo – Piteco, o caçador, Thuga, a protetora do fogo, e Thala… Bem, ela está em treinamento e como todo adolescente ela quer provar que está pronta, mesmo que seu pai diga o contrário.
Após apresentar a família, a tribo e o clima de paz existente na aldeia, Ferigato pisa fundo no acelerador e nos coloca dentro de uma tensa invasão a Lem por uma estranha tribo que se intitula “Os filhos do Fogo”. Liderados por um fanático religioso e munidos com arco e flechas e tochas que não se apagam, a tribo domina e escraviza outros povos para expandir o seu território e escavarem a terra atrás de mais “água preta” para alimentarem o deus fogo. Divididos e enfrentando um poderoso inimigo, Piteco, Thuga e Thalia terão que trilhar cada um o seu caminho a fim de achar um meio para se encontrarem e resgatarem a sua tribo.
Algumas considerações
Uma coisa peculiar no roteiro de Ferigato é que no desenvolver da história a tribo invasora, seus costumes e cidadela acabam ganhando uma relevância maior que os próprios protagonistas. Todo este didatismo serve para colocar as duas tribos numa posição bem maniqueísta, mas que não deixa de ter lá a sua mensagem. E lembre-se Piteco: Fogo é rápido e rasteiro, onde é a ação que move os corpos e atitudes dos personagens, o que deixa pouco espaço para maiores elucubrações.
Toda essa velocidade exige do leitor algumas concessões em relação a algumas resoluções, entretanto, o que poderia ser visto como um demérito do roteiro, é para esse que vos fala um problema menor. E digo isso, pois a HQ cumpre a que veio: entretenimento bom, barato e salutar. Não esperem um tratado sobre as ambições humanas e como a sede pelo poder podem levar uma cultura a abraçar suas pulsões de morte, ok? Apesar dos temas estarem por aqui e ali diluídos de forma homeopática.
Enredo a parte, a arte de Ferigato é um desbunde e as cores de Mariana Calil e Marcelo Costa dão um tom especial a HQ. A estética dos “Filhos do Fogo” é única e destoa do restante das outras tribos, dando a eles uma aura não-natural ao território de Lem. Os cenários são grandiosos e podemos ver isso em diversas páginas duplas, recurso que o autor utiliza com maestria e que nos fazem perceber o quão gigantesco são a cidade de Fir, morada dos “Filhos do Fogo”, a selva que compõe o território de Lem e os perigos que por ali espreitam.
Conclusão
Piteco: Fogo é a 23ª publicação do selo Graphic MSP, criado em 2012, e nos reserva algumas estreias de figuras importantes das histórias de nosso troglodita, como seu amigo inventor Bolota. Além disso, mesmo que de forma condensada, podemos ver a HQ como uma espécie de história de formação, já que não só Piteco e seu núcleo familiar que aprendem valiosas lições, mas a própria tribo termina em um novo status ao final.
Com um enredo recorrente, já visto aqui e ali, e uma soberba arte, Ferigato entrega uma HQ divertida e que nos lembra que dentro da Nona Arte há espaço para história densas, como Jeremias: Pele, e para o bom e velho divertimento. Então que venham mais histórias de Piteco, Thuga, Thala e toda a intrépida tribo de Lem.
Nota: 3 de 5